Níveis de autismo: o que são e como entender cada um

Os níveis de autismo são uma forma de compreender a intensidade de apoio que uma pessoa autista pode precisar em seu cotidiano. Essa classificação, definida pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), busca padronizar o diagnóstico e orientar intervenções personalizadas. 

Ainda assim, é essencial entender que esses níveis não medem valor, inteligência ou potencial, mas sim a necessidade de suporte em diferentes áreas da vida.

No artigo de hoje, falaremos sobre quais os níveis de autismo, características, nomenclaturas corretas e atualizações sobre o tema. 

Continue acompanhando e boa leitura.

O que são os níveis de autismo segundo o DSM-5

O DSM-5 define o Transtorno do Espectro Autista (TEA) com base em dois domínios principais:

  1. Déficits persistentes na comunicação e interação social, que envolvem dificuldades em manter conversas, compreender gestos e criar vínculos.
  1. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, como rotinas rígidas, fala repetitiva e hipersensibilidade sensorial.

Embora o termo “níveis de autismo” seja amplamente usado, é importante esclarecer que, tecnicamente, o DSM-5 não fala em níveis do autismo, mas em níveis de suporte.

Essa diferença é essencial: o autismo não tem gradação, ou seja, não existe “mais” ou “menos” autista. 

O que varia é a intensidade de apoio que cada pessoa precisa para se desenvolver e viver com bem-estar.

Assim, os níveis de suporte indicam a quantidade de ajuda necessária, e não a gravidade da condição.

Diferença entre nível 1, nível 2 e nível 3 de suporte

O DSM-5 estabelece três níveis de suporte, que refletem a intensidade de apoio necessária para o desenvolvimento e a participação social.

  • Nível 1 – Exigindo apoio: a pessoa é comunicativa, mas enfrenta dificuldades sociais e pode precisar de ajuda para lidar com mudanças, planejar tarefas e se organizar no dia a dia.
  • Nível 2 – Exigindo apoio substancial: há maior rigidez comportamental e necessidade de ambiente estruturado, previsível e de suporte frequente nas interações.
  • Nível 3 – Exigindo apoio muito substancial: envolve necessidade de ajuda constante em praticamente todas as áreas da vida, podendo incluir o uso de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e apoio integral nas atividades diárias.

Essas diferenças não representam “graus de autismo”, mas sim níveis distintos de suporte funcional, que orientam profissionais e famílias na construção de intervenções mais adequadas a cada pessoa.

Por que os níveis existem: função no diagnóstico e nas intervenções

Os níveis de autismo não foram criados para rotular pessoas, mas para facilitar o planejamento de apoios e recursos. 

Eles ajudam profissionais a compreender a intensidade das necessidades e a desenvolver intervenções realmente eficazes.

Além disso, padronizam a comunicação entre equipes de saúde e educação, garantindo acesso justo a terapias, adaptações escolares e benefícios legais.

Portanto, esses níveis são ferramentas funcionais, e não hierárquicas. Servem para apoiar o indivíduo, não para limitá-lo.

Como cada nível pode se manifestar na comunicação, socialização e comportamento

As manifestações dos níveis de autismo variam de pessoa para pessoa, e conforme o contexto, mas é possível observar alguns padrões gerais:

  • Comunicação: No nível 1, há fala fluente, mas dificuldade com ironias e entrelinhas. No nível 2, a fala é mais limitada e pode haver ecolalia. No nível 3, geralmente é necessária Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA).
  • Socialização: No nível 1, há interesse em interagir, mas com dificuldade para manter conversas. No nível 2, o contato social requer apoio frequente. Já no nível 3, a interação tende a ser mínima, com preferência por atividades solitárias.
  • Comportamento: No nível 1, a rigidez e a resistência a mudanças são leves. No nível 2, essas características são mais marcadas. No nível 3, os comportamentos repetitivos e sensoriais impactam fortemente o dia a dia.

Autismo leve, moderado e severo: ainda se usa essa nomenclatura?

Embora ainda sejam comuns, os termos “autismo leve”, “moderado” e “severo” são considerados ultrapassados. O DSM-5 substituiu essa classificação pelos níveis de suporte, justamente para evitar hierarquias.

Falar em “autismo leve” pode minimizar desafios invisíveis, enquanto “severo” pode gerar estigmas. O foco deve ser na necessidade de apoio, e não em uma escala de gravidade.

Limitações dos rótulos: por que não devemos resumir a pessoa ao nível

Os níveis de autismo são úteis, mas não refletem toda a complexidade do espectro. Com isso, as necessidades de suporte variam conforme o ambiente, a fase da vida e o bem-estar emocional.

Uma pessoa considerada nível 1 pode precisar de ajuda intensa em períodos de estresse, enquanto outra, classificada como nível 3, pode desenvolver maior autonomia com apoio adequado.

Portanto, o nível é um ponto de partida, não um destino. Ele serve para planejar estratégias, mas jamais deve ser usado como sinônimo da identidade de alguém.

A importância de olhar para as necessidades individuais e contextos

Mais do que classificar, é essencial compreender o contexto. Isso porque, ambientes previsíveis, rotinas estruturadas, comunicação clara e respeito às diferenças sensoriais transformam a experiência autista.

De acordo com o artigo científico “Rumo a uma classificação funcional para o autismo na idade adulta”( Toward a functional classification for autism in adulthood), elaborado por pesquisadores da University of Minnesota e UCLA, o mais importante nesse contexto é avaliar a funcionalidade real da pessoa, ou seja, quanto de ajuda ela precisa para viver com autonomia, e não apenas medir a gravidade dos sintomas.

Essa perspectiva reforça a importância de um olhar único e dinâmico sobre o espectro.

Como apoiar pessoas autistas em diferentes níveis com acolhimento e respeito

O apoio deve ser sempre humanizado e personalizado. Boas práticas incluem:

  • Linguagem direta e objetiva, sem ironias;
  • Respeito ao tempo de resposta e aos comportamentos de autorregulação (stimming);
  • Ambientes sensorialmente adequados;
  • Rotinas visuais e previsíveis;
  • Envolvimento de uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, educadores e psicólogos).

Essas ações são eficazes em todos os níveis de autismo, pois priorizam empatia e uma sociedade mais inclusiva.

O que realmente importa: enxergar a pessoa por trás do diagnóstico

Os níveis de autismo ajudam a compreender necessidades e direcionar apoios, mas não definem quem a pessoa é.

Cada indivíduo autista tem uma forma única de se comunicar, aprender e viver, e merece ser visto além dos rótulos.

A Educação Autista é uma plataforma que promove conhecimento, empatia e inclusão, ajudando famílias, educadores e profissionais a compreender e apoiar pessoas no espectro.

Continue aprendendo mais em nosso blog, explore artigos que ampliam o olhar sobre o autismo e a neurodiversidade.

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