Autismo não se cura, se compreende: entenda!

Você já parou para pensar no peso que a palavra “cura” carrega? Em nossa cultura, ela está quase sempre associada a uma doença ou a algo que precisa ser combatido. 

Agora, pense em atrelar essa palavra a uma forma de existir e a uma maneira única de perceber o mundo. 

Por isso, no universo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma verdade precisa ser dita, repetida e, acima de tudo, compreendida: autismo não se cura, se compreende.

Ao longo deste artigo, vamos destrancar portas que o preconceito e a desinformação mantiveram fechadas por tempo demais.  Continue conosco e aproveite a leitura!

Qual é o papel do respeito e da inclusão no bem-estar da pessoa autista?

O bem-estar de qualquer ser humano está diretamente ligado à sua capacidade de se sentir seguro, valorizado e pertencente. 

Para uma pessoa no espectro autista, essa máxima é ainda mais importante. O respeito se manifesta ao aceitar e validar as formas de comunicação, os interesses, as necessidades sensoriais e os ritmos de cada indivíduo. 

Sendo assim, a inclusão é a materialização desse respeito em todos os ambientes. Uma sociedade verdadeiramente inclusiva adapta seus espaços, suas metodologias e sua comunicação para que todos possam participar de forma plena e autônoma. 

Em outras palavras, isso significa que escolas com planos de ensino individualizados, empresas com processos seletivos flexíveis e espaços públicos com menos estímulos sensoriais agressivos, são a prova viva de que o autismo não se cura, se compreende. 

Como combater o capacitismo e os mitos sobre o autismo?

Antes de mais nada, o capacitismo é o preconceito direcionado a pessoas com deficiência, baseado na ideia de que corpos e mentes “típicos” são o padrão, o normal e o superior. 

Ele se esconde em frases aparentemente inofensivas como “nossa, nem parece autista” ou na crença de que toda pessoa autista é um gênio da matemática. Esses estereótipos, sejam eles “positivos” ou negativos, são perigosos porque desumanizam e criam expectativas irreais.

Dito isso, combater o capacitismo começa com informação de qualidade e escuta ativa, desafiando os mitos que ainda circulam:

Mito 1: Autistas não têm sentimentos ou empatia

Falso. Pessoas autistas sentem de forma intensa e profunda. A maneira de expressar ou interpretar emoções pode ser diferente, mas a capacidade de amar, de se importar e de sentir empatia é absolutamente presente.

Mito 2: Autismo é resultado de “pais frios” ou falta de educação

Absurdamente falso. O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento com fortes bases genéticas e biológicas. Desse modo, culpar os pais é uma crueldade baseada em teorias ultrapassadas.

Mito 3: Todo autista tem uma habilidade genial (Savant)

Falso. A síndrome de Savant é uma condição rara que pode ou não estar associada ao autismo. Pessoas autistas têm uma gama variada de talentos e dificuldades, como qualquer outra pessoa.

Vale a pena dizer que entender que o autismo não se cura, se compreende, é enxergar o indivíduo por trás do rótulo, com suas potencialidades e desafios únicos.

Qual é a importância do diagnóstico para apoio e não para estigmatização?

Receber um diagnóstico de TEA pode ser um momento de muitas emoções para uma família. Dessa forma, medo, alívio, incerteza e esperança podem se misturar. 

No entanto, é de extrema importância enxergar que o diagnóstico não define quem a pessoa é, mas oferece caminhos e indica as ferramentas certas para uma jornada mais segura e com mais qualidade de vida.

Um diagnóstico correto e precoce é indispensável para dar início a terapias de apoio, entender os direitos legais e, principalmente, garantir o autoconhecimento e a compreensão da pessoa autista.

Ele permite que a família e a escola entendam as necessidades específicas da criança ou do adulto, adaptando o ambiente e as expectativas para promover seu desenvolvimento. 

Quando dizemos que autismo não se cura, se compreende, estamos também dizendo que o diagnóstico serve para apoiar. Ele nos ajuda a entender como aquela pessoa aprende, como ela se comunica e do que ela precisa para atingir o seu potencial máximo.

Como a sociedade pode compreender e acolher as diferenças?

Acolher a neurodiversidade é uma responsabilidade de todos, de modo que a mudança começa em nossas atitudes diárias e pode se expandir, gerando um impacto coletivo transformador. 

A seguir, confira algumas formas práticas de como a sociedade pode avançar:

Escute as vozes autistas

A melhor forma de entender o autismo é ouvindo quem o vivencia. Siga ativistas autistas nas redes sociais, leia seus livros e assista às suas palestras. Eles são os verdadeiros especialistas em suas próprias vidas.

Eduque-se e eduque os outros

Não espere que pessoas autistas ou suas famílias tenham que explicar tudo o tempo todo. Busque informações em fontes confiáveis, como a Edu Autista, e compartilhe conhecimento verdadeiro, combatendo ativamente a desinformação.

Seja paciente e flexível na comunicação

Nem toda comunicação é verbal. Esteja aberto a diferentes formas de interação e dê tempo para que a pessoa autista processe a informação e elabore sua resposta.

Promova acessibilidade sensorial

Em eventos, lojas e espaços públicos, considere oferecer áreas mais silenciosas ou com iluminação mais suave. A sobrecarga sensorial é um desafio real e limitante.

Contrate e valorize profissionais autistas

O mercado de trabalho precisa se abrir para as habilidades únicas que muitos autistas oferecem, como o hiperfoco, a atenção aos detalhes e o pensamento lógico.

Cada um desses posicionamentos reforça a ideia de que autismo não se cura, se compreende, e que a transformação social vem da aceitação e da adaptação mútua.

O que as famílias e escolas podem fazer para apoiar?

A escola e a família, trabalhando juntas sob a bandeira de que o autismo não se cura, se compreende, conseguem oferecer o apoio necessário para que a criança autista se desenvolva da melhor forma possível. 

Para as famílias

Celebre as paixões (hiperfocos)

Ao invés de ver os interesses intensos como uma obsessão, veja-os como uma porta de entrada para o aprendizado e a conexão. Use o dinossauro, o trem ou o sistema solar para ensinar outras habilidades.

Crie rotinas previsíveis

A previsibilidade traz segurança e ajuda a reduzir a ansiedade. Um quadro de rotina visual pode ser uma ferramenta poderosa.

Aprenda a ler os sinais do seu filho

O que o acalma? O que causa sobrecarga? Você é o maior especialista nele.

Conecte-se com outras famílias

A troca de experiências e o apoio mútuo são imprescindíveis para fortalecer a caminhada. Lembre-se que tudo se torna mais leve quando entendemos que autismo não se cura, se compreende.

Para as escolas

Invista em capacitação

Professores e funcionários precisam de formação contínua sobre TEA para aplicar as melhores práticas pedagógicas.

Desenvolva o Plano de Ensino Individualizado (PEI)

Cada aluno autista é único. O PEI é uma ferramenta legal e pedagógica que garante que suas necessidades específicas sejam atendidas.

Adapte o ambiente

Disponibilize abafadores de ruído, crie um “cantinho da calma” na sala e use suportes visuais. Pequenas mudanças geram um impacto gigante.

Promova a cultura da empatia

Trabalhe com todos os alunos sobre respeito às diferenças. Um colega que entende e acolhe é um dos maiores vetores de uma inclusão bem-sucedida.

Agora que você entende profundamente que autismo não se cura, se compreende, o que acha de ler outros conteúdos da Edu Autista? Explore o nosso blog!

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